sábado, 24 de setembro de 2011

Achados


Na minha adolescência escrevia cartas.
Cartas para todos: pais, irmão, amigos, amores e para mim num caderno de folhas amarelas e pautas mal traçadas. Um caderno com cheiro do tempo, que reencontrei depois de, no mínimo, oito anos.
Cartas não enviadas que ainda fazem sentido e que ainda tem o poder de me deixar com os olhos brilhando, com as bochechas coradas e pernas contorcidas.
Cartas escritas com verdade que eu só tinha quando aos quatorze anos.

Continuo escrevendo cartas.
Hoje escrevo para quem não lê, para quem me esquece nos pés da cama, em páginas fantasiosamente lindas que nem eu mesma consigo enxergar.

Cartas sem papel, cartas em ardor, cartas não mais de mim.