domingo, 6 de janeiro de 2013

Carta 2


Meu amigo,

Passado das dezesseis horas, Macy Gray atravessa meu corpo e o ar fresco trazido pela chuva que chora grandes pingos na janela do meu quarto é o cenário de mais uma tarde de domingo.
Ele já foi fonte de inspiração como musicas, explicação para preguiça, justificativa para nostalgia e também a gula, entretanto o que me atrai nesse dia de início e fim de um tempo é o seu poder de sossegar as pessoas.
Seria prudente dizer que uma onda de sono incondicional acomete todos ao meu redor, quando esse fato pode ser observado por duas principais perspectivas: a oportunidade de despreocupar-se com os afazeres cotidianos, sendo o sono a uma celebração desse ensejo; ou ainda uma despedida de um curto tempo que oportuniza a libertação (ou quase) de relógios, tecnologia ao toque e as cobranças tantas (...)? Ensaiar alguma resposta acerca dessa questão delicada não é meu propósito, ao mesmo tempo em que assumo forte atração por temas cotidianos – como já citado em algum momento da carta anterior – e a forma pela qual eles assumem as rédeas do nosso tempo.
Ah, o tempo! Sempre foi muito presente em conversas pouco programadas e as fugas da rotina sutil que instaurou-se aqui. Sim, Entre nós! Porém não aprecie apenas uma face, há no mínimo, duas e o suave aceno de cabeça ou beijo na boca molhado que ela pode se dispor a você dependerá dos seus olhos, que são a porta de entrada para aquilo que transcende os sentidos do corpo físico, cuja nomeação me escapa.
Todavia, retorno aos domingos. Os meus sempre são uma boa oportunidade de continuar algo que voltou a me agraciar com muito prazer, a escrita. Seja com ensaios, poesias, frases, conversas que pretendo publicar no blog quanto essas cartas que envio a você.
Entendo que, nesse momento, é importante que a minha escuta defina a continuidade dessa via de troca que até esse momento teve apenas um sentido. Para que haja movimento-ação é necessário a disponibilidade e vontade de ambos em fazer parte desse processo, não somente como receptor [nossa! Fui bastante psicóloga agora. Acho que o domingo permitiu tal façanha...].       
Vou tomar café da tarde com minha mãe, como costume domingueiro e espero voltar.

Até breve,
Nany Santos