segunda-feira, 1 de agosto de 2011

De madrugada 2

Quando o telefone tocava, ela pressentia que o tempo de desejo vivo estava de volta. Dessa vez com uma experiência que só o tempo pode construir em alguém e com o a vontade que só a imaturidade seria capaz de provocar.

E por lá se foi ela. Numa noite de céu iluminado por sua cobiça e por um par de olhos que, curiosamente, a acompanhava por entre as ruas mais vazias a cada luz que se apagava nas janelas.

As horas passavam rápido e nada poderia ser escondido ali: o ódio, o amor, a raiva, o pecado, o desejo, a luxúria e o mal se apresentavam e se despediam como em um uma dança de troca de pares. Uma troca de asas que ela permitiu acontecer e que, mesmo arrependida, sustentou a sua excitação.

Horas, suor e quilômetros depois ela estava em sua cama, ainda fria e com um pé gelado para fora do cobertor, que insistia em não obedecer as suas ordens de ser o outro.

A noite se foi e o dia a fez lembrar que sonhos não se repetem e que as noites são mais doloridas quando o sol insiste em mostrar as olheiras.